quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Exercícios aeróbios, são necessários?

Este texto é uma adaptação de um artigo de Ken Hutchins publicado em 1995. O autor, crítico ferrenho e radical de qualquer atividade aeróbia, publicou diversos trabalhos condenando esta prática, chocando-se diretamente com personagens como Dave Carpenter e Michaell Pollock, pupilo de David cooper, ex- presidente do American College of Sports and Medicine e autor de diversos livros e artigos, a maior parte do trabalho deles girando em torno de atividades aeróbias, consumo de oxigênio...

Ao publicar um trabalho condenando as atividades aeróbias e atacando os principais divulgadores desta idéia, Hutchins foi avisado por seu colega Ellington Darden que esperasse por fortes respostas dos defensores da "filosofia aeróbia". Porém tais respostas nunca vieram, simplesmente porque não há como negar que toda a base desta filosofia foi construída sobre premissas falsas e linhas de raciocínio simplistas e equivocadas.

Algum tempo depois, Darden encontrou Pollock em uma conferência médica, onde conversaram sobre os textos de Hutchins. Segue uma parafrase do diálogo (ao final do texto original, Hutchins desafia Pollock a confirmar publicamente suas afirmações):

Pollock: Ell, eu fiquei muito ofendido com o que seu colega de Orlando falou sobre meu amigo, Ken Cooper, em sua publicação.

Darden: O que foi que te chateou Mike?

Pollock: Hutchins apenas devaneou, e não chegou a nenhuma conclusão.

Darden: Convenhamos Mike! Se você esta chateado, deveria conseguir identificar com o que descorda nos escritos de Hutchins.

Pollock: OK. Hutchins acusou Cooper de promover os exercícios aeróbios através seu evangelhismo cristão, ao invés de ciência.

Darden: Ele (Cooper) fez isso?

Pollock: Sim... Eu tenho que admitir que a fé de Cooper sobrepõe-se aos seus métodos científicos.

Darden: Mike, eu repreendi Ken por usar uma linguagem generalista, mas concordo com ele nos pontos científicos. Por exemplo, nós dois discordamos que os testes de capacidade máxima de oxigênio sejam válidos.

Pollock: Você está certo Ell. Teste de capacidade máxima de oxigênio não prova nada. Qualquer resultado variavel deste teste é quase uma aberração genética

Darden: Além disso, nós também acreditamos que toda atividade aeróbia e o interesse promovido pela industria do fitness desde os anos 60 não levou a nenhum tipo de benefício cardiovascular a longo prazo. Pelo contrário, causou uma epidemia de lesões na coluna e articulações. O que você tem a dizer quanto a isso?

Pollock: Eu concordo.

Darden: Então Mike, o que incomodou tanto no trabalho do Ken.

Pollock: Eu só acho que Hutchins veio com um tom muito inflamado.Você sabe, Arthur Jones teria muito mais seguidores hoje se ele não tivesse alienado as pessoas no início da Nautilus.

Darden: Então Mike, você quer que eu acredite que se Dave Carpenter não tivesse ficado tão enfurecido a ponto de colocar o artigo de Ken sob o seu nariz e dizer "aqui, é melhor ler o que Hutchins está dizendo sobre você na página 10", você o teria lido?

Pollock: Provavelmente não.

Darden: Mike, eu quero que você faça um favor para mim. Quero que volte, releia o que Hutchins escreveu e destaque os pontos científicos com os quais você discorda. Eu gostaria de saber quais são eles.

Pollock: Ell, eu não tenho tempo de fazê-lo.

Da pra fazer abdominal para o "infra-umbilical"?

É muito comum em praticamente todas as academias vermos pessoas realizando vários exercícios diferentes para a musculatura abdominal, sob pretexto de que um para tal região e o outro para uma região diferente, e aí vemos pessoas deitadas no chão levantando as pernas e achando que estão esculpindo seu tronco.

Em primeiro lugar gostaria de esclarecer que o reto abdominal que tem origem nas 5°, 6° e 7° costelas e inserção no púbis, se considerando que a origem é sempre proximal e a inserção distal, é um único músculo!

Portanto, quando ele se encurta (contração isotônica concêntrica) ele se contrai como um todo, não existe a possibilidade de se dividir o músculo em “infra” e “supra” como alguns professores teimam em alardear por aí.

Imagine se seria possível contrair uma metade do bíceps em um exercício e a outra metade
em outro.

O
exercício que tem o status de trabalhar o “infra-abdominal” onde em decúbito dorsal (deitado de costas) o aluno realiza uma flexão de quadril (puxa as pernas em direção do tronco) na verdade, a ação muscular desse movimento é caracterizada por ação isotônica (com alteração no comprimento do ventre muscular) dos músculos psoas ilíaco e reto femoral e com ação isométrica (sem alteração no comprimento do ventre muscular) do reto abdominal, oblíquos internos e externos.

Nesse momento alguns espertos poderão dizer que estou sendo discrepante e que o exercício é para o abdômen, então esses espertos terão de admitir que a extensão de cotovelo a partir de uma polia alta (tríceps pulley) é um exercício em que se visa o abdômen, pois tanto no tríceps pulley quanto na flexão de quadril “infra” o abdômen está se contraindo isometricamente. Em ambos os casos os músculos abdominais agem como estabilizadores e não como motores do movimento.

Outro ponto que merece relevância é o fato de que um músculo quando se contrai, ele não sabe onde é origem nem inserção, não sabe onde teria de ser o ponto fixo e o ponto móvel.

Isso é particularmente importante quando se trata do psoas ilíaco, pois ele tem origem nas superfícies ântero-laterais de T12 a L5, ou seja, na coluna lombar e inserção no pequeno trocanter, região proximal do fêmur. Portanto, quando encurtado o psoas ilíaco puxa a coxa para cima (flexão de quadril) mas também puxa a coluna lombar para frente, isso provavelmente não terá repercussão se realizado com pouca ou nenhuma carga e com pouca freqüência, no entanto para aqueles aficionados pelo abdômen que realizam treinamento exaustivo com muita sobrecarga ou que estejam em período de crescimento, existe considerável probabilidade de que se desenvolva uma hiperlordose e quadros de lombalgia, sem falar na possibilidade de herniação de disco .

Portanto, se você quer realizar um bom trabalho para a região abdominal, faça como os culturistas, a grande maioria realiza apenas a flexão de tronco contra a gravidade, o velho e conhecido abdominal (aquele no chão mesmo e sem aparelhos engraçados), se realizado com volume e intensidade adequada, não precisará de mais nada. No entanto, se o seu professor teima em lhe passar diversos exercícios para a região abdominal, dizendo que um é para isso e outro para aquilo, provavelmente ele só está querendo parecer que entende muito, ou então não sabe nada, ou o mais provável: os dois!